sexta-feira, 17 de abril de 2009

"Tanto de ti"

Hoje ouvi duas músicas que me fizeram pensar bastante, são músicas bastante profundas, bastante “escuras”, uma escrita, segundo as palavras de Aaron Lewis, por um “herói caído”; redescobri-me, apercebendo-me de algo que sempre soube.
Não sou mais que uma criança presa num corpo de homem, com as experiências e maturidade/imaturidade inerentes a cada um dos seres que habita este corpo… Neste crescimento de 19 anos aprendi tudo o que me iguala e me distingue de quem me rodeia, sou um ser único na sua essência, que a busca incessantemente. O que escrevo não é a realidade que vivo mas sim o meu ideal, o meu objectivo, aperceber-me que este ideal é real e que o vivo, mas que esta teimosia de criança reguila me vem dizendo que não, esta criança incapaz de passar sem a sua mão amiga, sem o seu mundo, sem a sua música, e que por esta teimosia me impede de escrever em casa, de em casa usar este talento inato que sempre se revelou sem nunca se mostrar, talento este que apenas é usado em viagens de comboio, num bar com a mão amiga ou mesmo numa aula em que a criança não deixa o adulto se concentrar, enfim, um mundo de criança com “armas”, brinquedos e vícios do homem. Epifanias e introspecções realizadas pelo homem para entreter a criança.

Vivo embriagado em ideias que imensas vezes se revelam através de actos irreflectidos, actos que se revelam infrutíferos na busca da minha própria verdade, da minha essência e do meu ser, procurando as respostas às perguntas de todos, tentando encontrá-las olhando para a pessoa que habita no espelho ou, mesmo, através de conversas esquizofrénicas comigo mesmo, ouvindo vozes na minha cabeça competindo por atenção. Vivo em constante busca de aprovação e companhia, com os medos de uma criança transmitidos por um discurso de homem que as experiências tornam mais velho que os 19 anos que tem, marcas do tempo deixadas na memória e na pele.
Ao escrever isto sinto uma estranha sensação de medo com traços de alívio e de coragem, sentado neste bar e com uma mão amiga na minha frente sinto-me como uma criança sentada no cantinho escuro do seu próprio mundo rodeada pelas suas maiores “armas”, o lápis, o papel, o talento, a experiência e um estranho sorriso nos lábios esquecendo tudo o que fez, ouviu e proferiu, abrindo um livro com luz própria, um livro de páginas em branco pronto para (re)começar uma história, uma história de confiança, uma história em que os medos do homem se dissipam, continuando a esperar pacientemente as suas respostas, sabendo muito mais do que mostra, continuando assombrado pelo passado, por ideias fantasma mas também com desejos incumpridos e experiências por realizar, jogando um jogo perigoso. A criança continuará irrequieta, ingénua e o homem pensativo e sereno, ambos talentosos e sem medo de se revelarem.
Desta feita quero agradecer aos Tool e ao “herói caído” Laney Staley por terem escrito Sober e Nutshell que tanto me fizeram pensar e me terem feito sair da minha “Nutshell” “Sober”. Porém não me permito acabar esta reflexão sem antes a dedicar à pessoa que está “nos bastidores” a dirigir o blog, sim Tu, a primeira pessoa a descobrir este talento adormecido, a testemunha principal do meu renascer das cinzas após tempos conturbados, Tu que tanto me queres descobrir tens aqui mais uma peça do puzzle que mostra o “louco” que sou. Não me posso ainda esquecer da mão amiga que esteve à minha frente, durante o tempo em que escrevia os meus pensamentos perturbados esperando, esperando a conclusão deste turbilhão de ideias que todos os dias se manifesta e fica esperando a transcrição para o papel….

2 comentários:

  1. ...Não deixar nunca de morrer aquilo que sentimos que faz parte da nossa arte, do nosso gosto, da nossa sapiência, da nossa partilha pessoal com o mundo...
    Continua =)

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  2. ...E que bem que fazes em escrever. E eu que pensava que apenas servias para assar sardinhas lolol

    Falando a sério, embora até estivesse a falar a serio no que disse em cima (Ehehe!), a verdade é que realmente surpreendes pois realmente nao se pressupoe que tivesses este jeito para isto...

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