terça-feira, 5 de maio de 2009

É, gostava...


"Gostava que as palavras fossem dedos que se enlaçam entre as tuas mãos. Gostava. Gostava que escrever-te fosse como sentir o que já senti e o que nunca senti. As palavras são apenas voos rasos entre recordações que ainda não tivemos. O que sinto não se faz em palavras, não se desenha em telas, não se toca nas melodias do pensamento fugitivo. Gostava. Gostava que o tempo fosse carícia que me aquieta sempre que ao longo da pele dos dias quando não te encontro nos meus olhos. A alma pede. A alma evita. A alma fica. As palavras travam. A voz silencia. Gostava. Gostava de poder sentir-te nestes abraços intensos de divagações que o coração me empresta de ti. O coração... aquele que me aperta o peito e me desfaz a razão em pulsações descontinuadas. Gostava de parar. Gostava de sentir o vazio da vida e preencher-me apenas de ti. Gostava... gostava de olhar para ti e dar-te em silêncio todo o Amor que fervilha dentro de mim... É. Gostava...
É quando procuro a tristeza que percebo que faz parte de mim. Sempre fez. É quando penso que fujo dela que ela mais me aperta e me puxa a si. Choro, choro-te na vontade própria de uma criança que deseja um mundo inteiro. Olha-me nos olhos e abarca-me nas tuas mãos sem tempo nem história para contar. Que interessa o tempo quando a alma é eterna, quando o sentimento é linha traçada sem começo nem fim. Não me deixes só... "


Aquele pedaço de mim =)

sexta-feira, 1 de maio de 2009


Naquele momento, aquele corpo encontrava-se sentado junto à janela, naquela varanda que o levava através do olhar para o mundo real. Sim, mundo real. E ali, sentado, pensava no círculo que tinha sido a sua vida. Não poderia ser uma linha recta, com princípio e fim definido. Não, nunca tinha sido assim, sempre viveu com avanços e recuos, com pausas e recomeços, muitos princípios e alguns fins. Um corpo, não necessariamente masculino ou feminino, unicamente um corpo, que, ali, estático, tinha ficado a pensar, como se quisesse de si próprio fazer uma entrevista perfil. Aqueles dias tinham sido especialmente turtuosos, atribulados, completos de sorrisos e lágrimas, muitas lágrimas. Essas eram inevitáveis de cada vez que ficava a pensar sobre si e sobre a sua geometria de vida. Nestes instantes em que ficava assim, que nem um expectro, passavam-lhe pela cabeça imensas imagens. Lembrava-se de todos aqueles que preenchiam a sua alma e faziam parte do seu tesouro, das lágrimas por lágrimas derramadas. Recordava-se especialmente daqueles seres que, em tão pouco, tinham começado a invadir o seu mundo, que hoje eram muito de si, do seu íntimo, da sua essência...parecia mágico! Nunca pensara que algum dia pudesse viver assim, que lhe pudessem acontecer coisas como as que estava a viver naquele momento. Nunca na sua vida tinha sentido tanto a necessidade de se encontrar, de estar consigo próprio, se descobrir, limar arestas e se definir. Os dias anteriores, que dias, tinham sido marcantes. As conversas que tinha tido, o que tinha descoberto sobre si, os sorrisos, os toques, as palavras, os gestos, os sons, o olhar(aquele olhar) tinham ficado gravados na sua mente como punhais. Parecia que estava ali a fazer um exame de consciência. Sabia que havia muitas coisas que completavam o seu ser, às coisas nem sabe se chamaria de coisas, que, naquele momento, estavam a dificultar a situação. E o facto de ter encontado aquele olhar no meio da multidão estava a tornar os seus dias num pranto...Desde que alguns seres tinham aparecido na sua vida o seu mundo tinha se tornado uma corda bamba. E tudo isso preocupava este corpo, esta mente. As indefinições atormentavam-no, os meios termos provocavam-lhe um sufoco horrendo no peito. E não conseguia perceber como é que se conseguia viver sem se saber aquilo que se queria, sem ter pequenas metas e minimamente objectivos definidos. Mesmo assim, apesar de os "talvez" lhe provocarem calafrios, era muitas vezes com esta palavra que respondia àquelas perguntas que faziam questão de lhe colocar, repetir e sublinhar. Queria o equilíbrio, a estabilidade...mas vivia num sem fim de turbilhões. Queria conseguir perceber o que perturbava "aquele olhar" que tanto lhe dava e, no mesmo instante, tanto lhe desejava tirar, que nada lhe pedia mas queria tudo receber da sua parte, que queria lhe dar um mundo, explorar uma alma. Seria tudo aquilo cliché? Avanços e recuos que mais confundiam aquele corpo e aquela mente. Seria tudo aquilo um jogo, que, no meio de tudo, sairia vencedor quem menos conseguisse envolver a sua essência e prosseguir sem olhar para trás, quem menos conseguisse sentir e viver o momento? Um jogo de resistência, como se se tratasse da necessidade de vincar capacidades que se pensar ter? De mostrar os homens ou as mulheres que o mundo quer ver? De ver o que não são...mas gostariam de ser? Talvez? Sim, talvez tudo isso. Talvez, outra vez, mais uma vez, talvez e sempre talvez o talvez. Mais uma das muitas dúvidas que assaltavam esta alma perdida entre o brilho da lua que a janela deixava transparecer. Mas como poderia exigir respostas vincadas e assentes se nem sabia o que questionava, o que sentia, o que via, as suas motivações, os seus amores, as suas paixões....e, pior do que tudo, o que sentia. Apenas sentia um turbilhão, o coração aos solavancos, de cada vez que parava para pensar em si...e naquele olhar! Aquele! Não, não era outro, não era qualquer, era mesmo aquele olhar...naqueles olhos encontrava um mundo, um mundo de vida, um mundo de esperança, um mundo de felicidade, que, num momento, conseguia se inverter e ser o precipício mais inclinado do Universo. E sentia o medo que daquele mundo vinha, sentia a falta de chão que aquela terra tinha, sentia, principalmente, que aquela vida tinha medo de viver e precisava de abrir asas e voar. Mas, ao mesmo tempo, era tudo tão mágico e irreal! Desceu do seu pedestal repleto de pensamentos e olhou em frente. Tanta casa, tanto carro, tanta gente...uma sirene aqui, uma luz intermitente acolá, um gato vádio no telhado, um cão que ladra. Que mundo! E pensava, no mais fundo, no mais dentro, na essência, que, se conseguisse partilhar aquele seu mundo todo o brilho seria mais esplendoroso. E que esplendoroso...
E voltou a olhar em volta...dos seus olhos começaram a cair algumas lágrimas, que eram acompanhadas com um sorriso. Sim, sentia...muito, e revivia tudo o que já passara junto daquela alma. Mas aquele sorriso sabia que nunca conseguiria partilhar aquele turbilhão...porque nem tudo é tão mágico como queremos, e, no seu caso, o que mais queria, de certo, não era estar ali.
Seria tudo aquilo perder? Ganhar? Apenas tinha uma certeza...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Resquícios



"Para se ser um génio não é preciso mostrar que sabemos um pouco de tudo mas mostrar que nos conhecemos a nós próprios, saber as nossas forças e as nossas fraquezas, não mostrá-las aos outros mas sim admiti-las para nós próprios, não nos sentindo superiores mas iguais a nós mesmos e aos outros..."


"Estou sempre ocupado....perdido nos meus próprios pensamentos que me levam a todo o lado e a lado nenhum, nas minhas introspecções necessárias para uma existência harmoniosa com terceiros!"
"A profundeza de uma alma não é medida pelas acções de quem as pratica mas sim pela maneira como lida com as consequências, a maneira como reflecte sobre as decisões e como se descobre através dos seus erros..."

"...devaneios de uma mente surpreendida por forças maiores!"

sexta-feira, 17 de abril de 2009

"Tanto de ti"

Hoje ouvi duas músicas que me fizeram pensar bastante, são músicas bastante profundas, bastante “escuras”, uma escrita, segundo as palavras de Aaron Lewis, por um “herói caído”; redescobri-me, apercebendo-me de algo que sempre soube.
Não sou mais que uma criança presa num corpo de homem, com as experiências e maturidade/imaturidade inerentes a cada um dos seres que habita este corpo… Neste crescimento de 19 anos aprendi tudo o que me iguala e me distingue de quem me rodeia, sou um ser único na sua essência, que a busca incessantemente. O que escrevo não é a realidade que vivo mas sim o meu ideal, o meu objectivo, aperceber-me que este ideal é real e que o vivo, mas que esta teimosia de criança reguila me vem dizendo que não, esta criança incapaz de passar sem a sua mão amiga, sem o seu mundo, sem a sua música, e que por esta teimosia me impede de escrever em casa, de em casa usar este talento inato que sempre se revelou sem nunca se mostrar, talento este que apenas é usado em viagens de comboio, num bar com a mão amiga ou mesmo numa aula em que a criança não deixa o adulto se concentrar, enfim, um mundo de criança com “armas”, brinquedos e vícios do homem. Epifanias e introspecções realizadas pelo homem para entreter a criança.

Vivo embriagado em ideias que imensas vezes se revelam através de actos irreflectidos, actos que se revelam infrutíferos na busca da minha própria verdade, da minha essência e do meu ser, procurando as respostas às perguntas de todos, tentando encontrá-las olhando para a pessoa que habita no espelho ou, mesmo, através de conversas esquizofrénicas comigo mesmo, ouvindo vozes na minha cabeça competindo por atenção. Vivo em constante busca de aprovação e companhia, com os medos de uma criança transmitidos por um discurso de homem que as experiências tornam mais velho que os 19 anos que tem, marcas do tempo deixadas na memória e na pele.
Ao escrever isto sinto uma estranha sensação de medo com traços de alívio e de coragem, sentado neste bar e com uma mão amiga na minha frente sinto-me como uma criança sentada no cantinho escuro do seu próprio mundo rodeada pelas suas maiores “armas”, o lápis, o papel, o talento, a experiência e um estranho sorriso nos lábios esquecendo tudo o que fez, ouviu e proferiu, abrindo um livro com luz própria, um livro de páginas em branco pronto para (re)começar uma história, uma história de confiança, uma história em que os medos do homem se dissipam, continuando a esperar pacientemente as suas respostas, sabendo muito mais do que mostra, continuando assombrado pelo passado, por ideias fantasma mas também com desejos incumpridos e experiências por realizar, jogando um jogo perigoso. A criança continuará irrequieta, ingénua e o homem pensativo e sereno, ambos talentosos e sem medo de se revelarem.
Desta feita quero agradecer aos Tool e ao “herói caído” Laney Staley por terem escrito Sober e Nutshell que tanto me fizeram pensar e me terem feito sair da minha “Nutshell” “Sober”. Porém não me permito acabar esta reflexão sem antes a dedicar à pessoa que está “nos bastidores” a dirigir o blog, sim Tu, a primeira pessoa a descobrir este talento adormecido, a testemunha principal do meu renascer das cinzas após tempos conturbados, Tu que tanto me queres descobrir tens aqui mais uma peça do puzzle que mostra o “louco” que sou. Não me posso ainda esquecer da mão amiga que esteve à minha frente, durante o tempo em que escrevia os meus pensamentos perturbados esperando, esperando a conclusão deste turbilhão de ideias que todos os dias se manifesta e fica esperando a transcrição para o papel….

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Exterior Incompleto

Sou formado apenas por rasgos criativos de uma mente perturbada e assombrada pelos seus próprios pensamentos, com medo de se identificar com a realidade exposta pelos seus pares que a vivem no mesmo medo.Medo de se mostrarem, de se darem a conhecer; medo da rejeição, medo da aceitação.Introspecções falhadas por causa da falta de tempo devido à mesma correria constante e de uma linha temporal inquebrável e que não pode voltar atrás para ser retomada e modificada. Arrependimentos, transtornos, momentos perdidos, escolhas erradas.Pondera o que será feito, não olhes para trás, segue por dois caminhos diferentes, simultaneamente, vendo o bem e o mal, mostrando o correcto e o incorrecto!

sábado, 4 de abril de 2009

Viagem atribulada...

Seguimos num caminho sem rumo, passamos por jardins que nos fascinam, vemos coisas que nos apaziguam a alma, passamos por bosques escuros sem clareiras que nos intimidam, passamos por estradas com buracos…. Ao longo deste caminho lembramo-nos de cada um dos buracos, de cada passo que damos dentro dos bosques mas é rara a altura em que nos lembramos das cores que encontramos nos jardins. Durante o caminho muitas vezes paramos e pensamos no porquê de apenas termos visto as cores do jardim e não aproveitámos para o sentir, o cheirar e apreciá-lo na sua magnitude, porque não nos deixámos absorver na sua essência, em muitas outras ocasiões trancamos essas imagens dentro de um portão para o qual não encontraremos de novo a chave. Recordamos os bosques por causa do medo, recordamos os buracos por causa da dor que nos causam e que nos cicatrizam. Sempre que o caminho nos apresenta momentos em que temos de escolher o percurso, o medo mostra sinais de vida novamente, medo de encontrar mais buracos, medo de entrar num bosque e de nos perdermos na sua imensidão e não encontrar a saída sem nunca nos lembrarmos que em cada bosque existe uma flor que se destaca ou que em cada buraco podemos encontrar uma réstia de vida que nos mostre a nossa verdadeira forma, a nossa verdadeira força e que nos ponha um sorriso nos lábios….
Muitas vezes ao longo deste caminho, temos companhia, alguém que nos segure a mão quando entramos no bosque, nos aponte a saída quando não a encontramos, nos faça rir quando encontramos buracos, sorria connosco ao olhar a beleza de um jardim, alguém que nos diga as coisas certas quando mais as necessitamos, partilhe connosco o que encontrou no seu caminho e a quem nós confiamos o que o nosso nos deu, enfim, alguém que nos modifique, que nos faça ver que sabemos sempre qual o percurso que devemos escolher. Neste caminho nunca estamos sozinhos, apesar de muitas vezes pensarmos o contrário. Há momentos também em que temos receio de acordar, porque nos achamos sem força para enfrentar o que o nosso caminho nos dá, a caminhada parece muitas vezes dolorosa e é nestes momentos que nos esquecemos de procurar pelo riacho que no bosque se esconde atrás dos arbustos e que não conseguimos ouvir correr porque o medo de enfrentar a escuridão do bosque se apoderou de nós.
Procura o teu riacho, a tua réstia de vida no buraco e assim encontrarás a chave para o jardim mais bonito e mais importante. Aquele jardim que se encontra dentro de ti que tu plantaste ao longo do teu caminho e do qual foste o jardineiro, o jardim que apenas as pessoas certas têm a sorte e o prazer de ver, o jardim que deslumbra qualquer um….

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Esse teu Corpo Alado...

Por detrás dos olhares que vamos encontrando ao longo da nossa vida aparecem "aquelas almas" que, na sua essência, têm uma pureza e agilidade que nos surpreende. Não conseguem se aperceber que assim o são, não demonstram muitas vezes aquilo que são... às vezes é necessário um "je ne sais quoi" para encontrar aqueles resquícios que os enchem e também esvaziam, que alimentam e destroem...Porque há portas que só determinadas essências que nos percorrem conseguem abrir, há fechaduras que nunca terão a chave certa, há janelas que mesmo a brisa mais suave não conseguirá transpor, há raios de sol que só alguns conseguirão ver através de um íngreme arbusto, há recantos do nosso mundo onde nunca conseguiremos chegar, há pessoas que sempre nos irão marcar, há sorrisos que nos farão parar e pensar, há coisas que inevitavelmente iremos sentir. Há sempre dentro de nós vestígios dos outros nós...e há medos que só conseguiremos ultrapassar abrindo as portas mais intimas de nós e deixando entrar o desconhecido que muitas vezes nos assalta e nos faz perder o chão! Podes não ser bom a prestar atenção, podes não ter certeza das coisas que estão vindo, podes não ter certeza das ilusões que criamos, podes não ser bom a controlar o teu destino, o teu ódio e a tua raiva...mas a cada segundo não deixas de ser tu, e é essa essência de ti, desse teu corpo alado, é nesse teu mundo que eu encontro o teu brilho. Afinal, é esse o teu jeito, que não quero mudar nem reorganizar. Porque TU tens a capacidade e criatividade para fazer acontecer alguma coisa... e vai parecer mágico! De ti, por mim e para ti...desse teu corpo alado! =)
E "isto apenas mostra que tenho rasgos criativos de escrita e pensamento... e mostra a inteligência escondida dentro de um ser com medo de si próprio e das suas próprias forças!"